Caverna de ossos
Cesar BravoA questão é: O que você faria? Uma bela manhã depois de uma noite de tempestade você resolve brindar o sol com seus olhos. Você está na tranquilidade de sua casa até que abre a porta... E agora você está em uma ilha; os vizinhos ao seu lado não são os mesmos, a casa dos vizinhos ao seu lado não é a mesma. Sua família entra em pânico, você entra em pânico, o mundo de um dia para o outro passa a ter a impossibilidade física de fazer sentido. Com as famílias que acordaram em Paraíso aconteceu o mesmo. E junto com toda essa novidade encontraram manuais com sua nova vida. Ar condicionado, novas escolas, novos empregos, novos e altos salários. Enfim; nada é tão mal assim. Mas a noite o nevoeiro e os gritos tomam as ruas. Sempre depois da sirene que toca as oito a valentia de cada habitante da ilha é testada e toda mãe tenta trazer o filho de volta à placenta. A facilidade mesmo assim tenta corrompê-los. Quem precisa da noite afinal? O salário é bom, as escolas fantásticas e ora essa! Estão todos em uma ilha paradisíaca! E a sirene toca outra vez, levando uma criança na calada da noite. Depois uma jovem, depois suspiros invadem as portas das casas, testando coragem e fechaduras. Mas eles não sabem que nas noites de gritos fantasmas vagam pelas ruas; demônios. A grande surpresa para eles é que a ilha talvez seja um local místico de saldos e dividendos. Um lugar maldito que atrai a dor como a luz de um lampião atrai mariposas. Ninguém acorda no Paraíso por acaso. Ou no inferno. A questão é: E se você estivesse preso em uma ilha onde pessoas desaparecessem; e morressem?